sábado, 9 de outubro de 2010

ADVERTÊNCIA UMA POÉTICA DO DEVANEIO

Advertência
Uma poética do devaneio
IV
Deve o poema ser lento
gerado célula a célula,
como um corpo que se forma,
um bicho que se transforma;
ou como fosse a laranja,
que se faz de casca e gomos;
em cada gomo milhares
de pequenas bolsas-lágrimas;
e somem-se ainda os átomos
do líquido que a enforma,
até a conclusão óbvia:
toda laranja é um poema.
Toda a vida é um poema?
Toda coisa é um não-poema?
Mas uma coisa se muda
em poema: se transmuda.
Poemacoisa: poesia;
poemobjeto é outra coisa.
Um poema é um poema,
apenas e tão-somente.

Jóse Maria Pinto   poeta amazonense                                                        (
Música para surdos)

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